27 de mai. de 2010

MODAL FERROVIÁRIO

CENÁRIO ATUAL

Dois acontecimentos importantes estão ocorrendo no cenário da economia mundial, que estão influenciando as decisões de integração do mercado americano.

O primeiro, é o deslocamento do eixo que coordena a economia mundial. No passado recente, localizava-se no Atlântico Norte e, atualmente, posiciona-se em torno do Pacífico, onde localizam-se nações dotadas de considerável poder econômico, político e tecnológico: Estados Unidos, Canadá, Rússia, Japão, China, os tigres asiáticos e Austrália.

O segundo, é a crescente regionalização da economia internacional, com a formação de blocos continentais, economicamente integrados, competindo acirradamente no mercado mundial e facilitando a comercialização entre os países membros.

Na América do Sul desde 1988 existe o MERCOSUL e na América do Norte o NAFTA e está previsto para os próximos anos a ALCA, que visa reunir num único bloco, todos os países da América.

Dentro deste contexto, os países da América do Sul somente poderão integrar estes blocos, sem prejuízos para suas economias, na hora que seus produtos tenham competitividade no mercado internacional, o que vai depender primordialmente da estrutura de transportes que necessita ser modernizada e racionalizada.

Na América do Sul, um primeiro passo foi dado com a definição das 12 macro – rotas de integração, cujos projetos modais devem agora serem desenvolvidos de modo que se tenha um apoio institucional dos Governos dos países envolvidos e uma posterior alocação de recursos, através de financiamento internacional, para concretização das obras elencadas como prioritárias.

Nos três Seminários realizados pelo Comitê das Rotas de Integração da América do Sul, foram apresentados, pelos países que participaram dos eventos, quatro projetos ferroviários que mereceram aprovação em plenário, e que estão a exigir uma maior definição das Autoridades dos países envolvidos.

1 – LIGAÇÃO FERROVIÁRIA PORTO ALEGRE – ANTOFAGASTA

Prevê a ligação entre Porto Alegre (Brasil ) e Antofagasta (Chile), atravessando o nordeste Argentino, através de ferrovia com bitola métrica. Para isto serão necessários a execução dos projetos e obras:

– Colocação de 3º trilho entre Passo de Los Libres e Corrientes, na República Argentina, com aproximadamente 230km.

– Construção de ponte ferroviária entre Corrientes e Resistência, na República Argentina.

Estas medidas permitirão o tráfego ferroviário entre Brasil, Argentina e Chile, na bitola métrica, sem necessidade de transbordo.

2 – FERROVIA TRANSCONTINENTAL

Contempla a ligação entre o Chile, Argentina, Uruguai, Brasil e Paraguai, através de ferrovia interligando os seus polos econômicos e aproveitando a ferrovia existente, que deverá no entanto ser modernizada.

Os trechos a serem utilizados serão:

Santiago do Chile – Los Andes

Los Andes – Las Cuevas

Las Cuevas – Mendonza – Santa Fé

Santa Fé – Concordia - Salto

Salto – Buenos Aires

Salto - Montevidéu

Salto – Assuncion

Salto – Livramento

Livramento – Porto Alegre

3 – CORREDOR BUENOS AIRES – BAHIA BLANCA – NEUQUÉN – ZAPALA – CONQUIMAY – CONCEPCION

Prevê a ligação entre Buenos Aires (Argentina) e Concepcion (Chile) por ferrovia, atravessando os Andes. Será necessária a seguinte obra:

Construção da ligação ferroviária entre Zapala (Argentina) – Conquimay (Chile), com 210km de extensão, que permitirá a interligação da ferrovia Argentina com a Chilena, na bitola de 1,676m.

A passagem dos Andes será no Passo Mallin de Los Chilenos na altitude de 1758m, o que possibilitará o tráfego em praticamente todo o ano.

4 – LIGAÇÃO FERROVIÁRIA ENTRE SUCRE (VENEZUELA) E BOA VISTA (BRASIL)

Realização de estudo de viabilidade técnica e econômica da ligação ferroviária entre Sucre (Venezuela) e Boa Vista (Brasil), integrante do eixo 4 das Rotas de Integração.

MODAL HIDRO-PORTUÁRIO

É imperativo que a matriz de transportes dos países da América do Sul seja racionalizada e a utilização dos potenciais de todos os modais de transportes maximizada, se quisermos realmente baixar os nossos custos com a logística envolvida desde a origem até o destino final dos produtos das nossas diversas cadeias produtivas.

Isto não significa a simples substituição ou privilégio de um modal de transporte em detrimento de outro, mas sim a utilização racional de cada um deles de acordo com o tipo de carga, distância e demais características envolvidas com a origem e destino dos produtos em questão.

Está cada vez mais evidente que de nada adianta as indústrias se modernizarem tecnologicamente, melhorarem a qualidade de seus produtos, se adequarem às normas e processos de aceitação internacional para atingirem custos em condições de concorrer no mercado globalizado, se a logística de transporte envolvida desde o transporte de seus insumos até a indústria e do produto acabado na porta de suas fábricas até atingir o seu destino final não estiver da mesma forma dimensionada e adequada a crescente e trepidante disputa do mercado internacional. Poderemos estar produzindo com competência, atingindo custos adequados que mantenham as nossas indústrias em funcionamento, assegurando o precioso emprego de nossos habitantes e, talvez, por deficiências da nossa infra-estrutura de transportes, ver todo esse esforço jogado fora. De igual maneira, os produtos agrícolas e os resultantes da extração mineral de interesse para exportação precisam possuir custos adequados na sua logística de transportes até a entrega no seu ponto de consumo. De nada adiantará os cuidados no plantio, na colheita ou extração, no seu correto manuseio e seleção para atingirem os índices e características do exigente mercado internacional, se a partir daí não conseguir custos de transportes que permitam a sua concorrência nesse disputadíssimo mercado.

No que diz respeito à utilização das nossas hidrovias, é importante salientar que, onde existirem rios navegáveis, elas serão especialmente competitivas para o transporte de cargas que exijam um grande volume e que sejam transportadas a grandes distâncias. Isto significa que o transporte hidroviário possui cargas cativas com características bem definidas para a sua utilização, não deixando de se integrar com os demais modais de transporte, especialmente com o rodoviário, naquele segmento em que ele é imbatível, qual seja o das curtas distâncias, ou no também chamado “transporte porta a porta”. Logo, não estaremos simplesmente substituindo o modal rodoviário pelo hidroviário, mas sim integrando-os e racionalizando a utilização de cada um, colocando a carga na hidrovia com seus custos mais baixos, na longa distância e, a rodovia, nos trechos mais curtos entre o porto e os locais de origem e/ou destino final. Além disso, é também fundamental para a integração econômica dos países da América do Sul, a utilização de grandes vias navegáveis que cortam o nosso continente, como são exemplos as ligações entre as Bacias dos Rios Orinoco e Amazonas e sua interconexão com a Bacia do Prata. Também são importantes as tentativas de ligação entre o Oceano Atlântico e o Pacífico como é exemplo, entre outros, o Corredor Porto Alegre – Jujuy - Antofagasta, onde mais uma vez, necessitamos de uma integração com outros modais, quais sejam, o ferroviário e o rodoviário. Tudo no sentido de procurarmos alternativas mais econômicas para os nossos produtos serem adquiridos ou atingirem os grandes centros consumidores do continente asiático, europeu ou americano do norte.

No que se refere especificamente aos portos, e este é um tema que aflige todos os países da América do Sul, precisamos cada vez mais procurar a redução dos seus custos de movimentação, a fim de que possamos nos tornar mais competitivos, tanto no comércio com os demais países do continente quanto nas trocas comerciais com os diferentes blocos comerciais existentes no mundo. Para isso novamente devemos estar atentos para o que está ocorrendo no restante do mundo, não só nas inovações tecnológicas mas também nas legislações que envolvem as relações de trabalho da orla portuária. Conforme já explicitado anteriormente, não podemos estar com os nossos produtos adequados à concorrência internacional e perdermos a nossa competitividade no transporte e/ou na movimentação portuária dos mesmos. Nesse particular, convém que se alerte para a importância que as questões portuárias assumem na maioria dos eixos de transporte prioritários definidos para o desenvolvimento da América do Sul, uma vez que nas suas extremidades existem portos para entrada e saída de produtos que podem ser vitais para o nosso desenvolvimento e, dependendo da sua maior ou menor competitividade, poderão ser os responsáveis pelo crescimento ou atraso de nossas economias.

O tema “Rotas de Integração da América do Sul” é estratégico para todos os países nele envolvidos. Tanto isso é verdade, que na Reunião dos Presidentes da América do Sul, que teve lugar em Brasília, em 1° de setembro de2000, houve um decidido apoio outorgado pela Iniciativa para a Integração da Infra-estrutura Regional da América do Sul - IIRSA, pela importância que cada vez mais assume as questões de infra-estrutura para o desenvolvimento de nossos povos e economias, sem as quais será muito difícil enfrentarmos de igual para igual os demais blocos econômicos em formação ou já consolidados. De igual forma, a Declaração Conjunta dos Presidentes da República Federativa do Brasil e da República do Chile, realizada em Arica, no último dia 20 de março, decidiu, entre outras moções, respaldar um impulso nas atividades da IIRSA e reafirmar em relação ao Eixo Interoceânico Brasil-Bolívia-Paraguai-Chile-Peru, que sua concretização constituirá um fator importante de desenvolvimento para a região. Nesse sentido, examinaram o tema dos corredores bioceânicos e as possibilidades se sua implementação pelas variantes Arica-Santa Cruz-Corumbá e, também, Arica-Santa Cruz-Cuiabá.

É com o objetivo de estimular a realização desses projetos e obras de vital importância para o nosso continente que o Comitê das Rotas de Integração da América do Sul foi idealizado. Para nossa satisfação muitas das sugestões retiradas de nossos encontros e seminários já foram aproveitadas por outros órgãos e instituições envolvidos com essa temática. O Comitê possui especialistas nas modalidades de transporte rodoviário, ferroviário, hidroviário, aeroviário, portuário, na área de telecomunicações, energia elétrica e postos de fronteira, com a finalidade de colaborar para que este tema de suma importância para todos os nossos países seja levado adiante e não seja um obstáculo para o crescimento de nossas economias e o desenvolvimento de nossos povos .

A importância da racionalização da matriz de transportes existente.

O modal hidroviário no contexto da intermodalidade de transportes.

Características das cargas do modal hidroviário em relação aos demais modais.

Competitividade na elaboração do produto

Logística de transportes

Hidrovias e Portos como meios de integração

Custos Portuários e suas implicações

MODAL RODOVIÁRIO

A globalização da economia mundial está impondo a países e regiões, uma aproximação, visando melhor explorar as suas potencialidades econômicas, procurando tornar seus produtos competitivos em qualquer parte do mundo.

Neste contexto, insere-se o transporte de pessoas e mercadorias das mais diferentes regiões produtoras do nosso continente Sul-americano e, o seu deslocamento, necessita estudos referentes ao que existe disponível nos vários modais .

Como estes estudos envolvem o território de vários países, teremos que inicialmente desenvolver um Plano Geral que apresente o desejo de cada País , quais os seus projetos, a viabilidade e previsões para a consecução dos objetivos. Cada vez mais a logística do transporte tem influência no preço das mercadorias.

Atualmente, o modal rodoviário é o mais utilizado na região pela sua versatilidade, mesmo tendo um custo mais alto.

Apesar da exiguidade de recursos, existem elementos suficientes para justificar a obtenção de fundos para a execução de estudos completos, que poderão ser desenvolvidos por organismos governamentais, ou empresas internacionais de consultoria, bem como a busca de financiadores que se interessem por algum dos projetos como um todo